.wp-block-co-authors-plus-coauthors.is-layout-flow [class*=wp-block-co-authors-plus]{display:inline}
política

Após fusão, PSDB e Podemos usarão ‘tucano estilizado’ como símbolo

PSDB e Podemos chegaram a acordo para que presidência do novo partido seja ocupada por rodízio de seis meses

Marconi à frente do tucano do PSDB (Foto: Divulgação)
Marconi à frente do tucano do PSDB (Foto: Divulgação)

Dirigentes do PSDB e do Podemos, partidos que estão em processo de fusão, chegaram a um acordo para usar como símbolo o tucano – que já é o mascote do PSDB, mas com um design reelaborado. “Um tucano estilizado, revigorado, como uma fênix. Todos seremos tucanos, só que agora com novas cores”, diz o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.

O nome do futuro partido será definido depois que a fusão for concluída. O ex-governador de Goiás Marconi Perillo defende que o nome, o número e o símbolo sejam submetidos à aprovação dos filiados das duas agremiações. A nova legenda terá sete senadores (três do PSDB) e 26 deputados federais (11 do PSDB). Até que a identidade seja criada, o bloco se chamará #PSDB+Podemos.

Está combinado que, nos três primeiros anos, a direção nacional do partido ará por rodízios entre os líderes do PSDB e do Podemos. Cada presidente ficará seis meses na função. Mas esse processo só será deflagrado depois de dezembro, até porque a fusão sequer foi formalizada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até lá, o Podemos fica sendo comandado por Renata Abreu e o PSDB, por Marconi.

“Nós reafirmamos aqui o nosso compromisso de radicalizar pelo Brasil. Radicalizar no que é certo, contra a falta de uma política de responsabilidade fiscal, a falta de uma política externa séria, a falta de uma política social que efetivamente emancipa, a falta de uma política de geração de empregos, entre outras questões que precisam ser urgentemente debatidas no Brasil”, diz Marconi.

PSDB em desidratação

O PSDB enfrenta um grave processo de desidratação que vai além da saída pontual de alguns de seus principais nomes. Em março, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, migrou para o PSD de Gilberto Kassab. Em maio, o governador do Rio Grande do Sul, trilhou o mesmo caminho. Sobrou apenas um chefe de poder Executivo estadual: Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul.

A má notícia é que Riedel também negocia com o PSD e aliados dele consideram razoáveis as chances do governador se filiar ao PSD. Entre 2020 e setembro de 2023, mais de 50 tucanos fizeram esse movimento.

História do tucano do PSDB

No dia 24 de junho de 1988, cerca de 300 pessoas estavam no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília, para assistir ao lançamento de um partido que ainda não tinha um nome definido, mas já havia escolhido seu mascote. Na mesa diante de Franco Montoro, ex-governador de São Paulo que anunciaria a criação da legenda, repousava uma réplica de tucano, animal também representado no atrás da cadeira onde ele se sentava, assim como nos adesivos colados em seu terno e nos ternos de outros fundadores a sua volta, entre eles, os então senadores Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas.

Os políticos ali reunidos não sabiam se nova a legenda se chamaria Partido Democrático Popular (PDP) ou Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB). Houve uma votação entre os filiados durante o encontro no auditório, mas o placar tinha sido apertado, e, por isso, ficou decidido realizar um “segundo turno” no dia seguinte. Como o ícone da legenda já estava definido, mas o nome do grupo ainda não, a agremiação nasceu chamada por toda a  imprensa de “partido dos tucanos”. O apelido pegou.

A réplica na mesa diante de Montoro era de um clássico tucano-toco, pássaro grande e muito comum no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, de corpo preto, peito branco e bico laranja. O mascote oficial do partido, porém, era um tucano estilizado, de proporções menores, com o corpo azul e o peito e o bico amarelos. Segundo o ex-governador de São Paulo, o amarelo teve destaque na composição porque a cor fora muito usada na campanha histórica das “Diretas Já”, “que marcou o despertar da sociadede civil e derrubou a ditadura”, afirmou o jurista, falecido em 1999.

O PSDB foi criado por políticos dissidentes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (atual MDB). Eles estavam insatisfeitos com os rumos tomados pela antiga legenda na década de 1980. Uma das principais desavenças se deu quando, em 1986, a agremiação de Ulysses Guimarães acolheu ex-membros do PDS, sucessor da então extinta ARENA, sigla que dera sustentação à ditadura militar no Congresso. A divergência se aprofundou ainda mais quando, durante a Assembleia Nacional Constituinte, entre 1987 e 1888, a liderança do PMDB apoiou a proposta de mandato de cinco anos para José Sarney na Presidência da República.

Em 1987, os dissidentes fundaram o Movimento de Unidade Progressista (MUP), que reunia a “costela esquerda do PMDB”. No ano seguinte, foram os membros do MUP que criaram do “partido dos tucanos”, agremiação nascida com objetivos inovadores como implantar o parlamentarismo no Brasil e enxugar a máquina pública. “Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas”, disse Montoro.

O mascote escolhido, entretanto, não era tão original quanto se pensava. Uma reportagem de 3 de julho de 1988 contou que o próprio PMDB cogitara o pássaro como mascote muito antes da criação do PSDB. Segundo a matéria, em 1972, quando o partido ainda se chamava MDB e fazia oposição ao regime militar, o então deputado Israel Dias Novaes (SP) sugeriu a Ulysses a adoção da “ave travessa” como marca do partido. Durante uma reunião de cúpula da agremiação, Novaes entregou ao cacique da legenda um tucano estilizado em acrílico, feito pelo artista plástico Aldemir Martins, e distribuiu réplicas da obra em madeira para outros dirigentes do grupo. Mas a proposta não foi aceita. 

A informação seria confirmada por Ulysses no dia 11 daquele mês. Em evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, então sob comando de Orestes Quércia, o líder peemedebista negou que a legenda estivesse em decadência e comparou o partido ao mandacaru, cacto típico do Nordeste. “Quanto maior a seca, quanto maior o sofrimento, mais ele cresce e floresce”, disse Ulysses. O político aproveitou a ocasião para alfinetar o PSDB ao explicar por que não transformaria o mandacaru num símbolo do partido. “O tucano me foi oferecido, e eu não quis. Acho que o melhor símbolo é a legenda mesmo”, afirmou o “senhor Diretas”,  de acordo com uma reportagem do GLOBO na edição do dia seguinte.

Os tucanos jamais ratificariam essa versão. O ícone do PSDB foi criado pelo publicitário mineiro Chico Bastos. Em entrevista recente à revista “Piauí”, ele contou ter se inspirado na política dos EUA, onde os Democratas são representados por um burro, e os Republicanos, por um elefante. De acordo com o site do partido fundado em 1988, o pássaro foi sugerido como símbolo durante uma reunião preparatória para formar a legenda, em abril de 1988. A proposta teria sido aprovada após “calorosa discussão”. Segundo a página da agremiação, “o tucano de peito amarelo lembra a cor da campanha das eleições diretas”, “é um dos símbolos do movimento ecológico” e “é uma ave brasileira”.

Com informações do jornal O Globo.

Sobre o PSDB, leia também