Ministério da Saúde inicia auditoria em maternidades públicas de Goiânia
Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo da ação é apurar a correta aplicação dos recursos federais

O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS), inicia nesta segunda-feira (26) a fase presencial de uma auditoria nas principais maternidades públicas de Goiânia. A inspeção federal foi autorizada pelo Ministério da Saúde após denúncia formal apresentada pela vereadora Aava Santiago (PSDB), que apontou falhas graves na rede de atendimento materno-infantil da capital.
As vistorias ocorrem nas unidades Dona Iris, Nascer Cidadão e Célia Câmara. Atualmente sob gestão da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), essas maternidades são consideradas estratégicas para o funcionamento da rede municipal de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo da ação é apurar a correta aplicação dos recursos federais, identificar possíveis falhas de gestão e investigar eventuais desvios que comprometam o cuidado a gestantes e recém-nascidos.
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A auditoria foi confirmada pelo diretor do DenaSUS, Rafael Bruxellas, que está em Goiânia acompanhando os trabalhos da equipe técnica. “A auditoria é uma resposta à gravidade dos fatos que chegaram ao Ministério da Saúde por meio de denúncia documentada. O papel do DenaSUS é agir com base em evidências e assegurar que o dinheiro público esteja, de fato, beneficiando a população”, afirmou à coluna.
O processo ocorre em duas etapas. A primeira, de análise documental, já está em andamento. Com a chegada dos auditores à capital, têm início as inspeções presenciais, que vão examinar a estrutura das unidades, os contratos de gestão, os indicadores de atendimento e as condições clínicas oferecidas à população.
O pedido de intervenção foi feito por Aava Santiago em março, após o recebimento de uma série de denúncias por parte de mulheres, profissionais da saúde e conselhos comunitários. No mesmo dia do protocolo, a vereadora esteve em Brasília com o ministro Alexandre Padilha para relatar o agravamento da crise e cobrar providências urgentes.
“Essa auditoria é resultado direto da atuação que fizemos para que o governo federal enxergasse o que Goiânia estava escondendo: uma crise silenciosa, que coloca vidas em risco todos os dias. Não podemos aceitar que a saúde materna seja tratada com descaso”, disse Aava.
Um dos fatores que motivaram a auditoria foi uma resolução aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde, que reduziu de forma significativa o orçamento das maternidades. Os recursos destinados às unidades caíram de R$ 20,6 milhões para R$ 12,3 milhões por mês, um corte de quase 40%. A medida provocou suspensão de serviços, superlotação das unidades remanescentes e até a interrupção de atendimentos de urgência, como ocorreu na Maternidade Célia Câmara.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2025, já foram reados R$ 380,1 milhões ao Fundo Municipal de Saúde de Goiânia. Desses, R$ 297,3 milhões são destinados à Média e Alta Complexidade, que abrange os serviços oferecidos pelas maternidades públicas. O DenaSUS vai apurar se esses valores estão sendo corretamente aplicados, se há cumprimento contratual e se existe risco de desassistência à população.