Mulher de Poze do Rodo é alvo de operação contra lavagem de dinheiro do CV
Viviane Noronha é suspeita de integrar núcleo financeiro que movimentou R$ 250 milhões

Um dia após a Justiça determinar a soltura do cantor MC Poze do Rodo, preso na última semana por suspeita de envolvimento com o CV (Comando Vermelho), a mulher de Poze do Rodo, a influenciadora Viviane Noronha, virou alvo de uma operação contra lavagem de dinheiro do CV. A ação foi deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (3), no Rio de Janeiro e em São Paulo.
De acordo com a Polícia Civil, o objetivo da operação é desarticular um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, que teria movimentado mais de R$ 250 milhões. O grupo, segundo os investigadores, atuava para dar aparência legal ao dinheiro vindo do tráfico de drogas e da compra de armas de uso .
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A investigação aponta que a influenciadora Viviane Noronha, mulher de Poze do Rodo, e sua empresa seriam beneficiárias diretas de recursos ilícitos da facção, que teriam sido reados por meio de “laranjas”.
“O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades”, diz nota da Polícia Civil.
Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça determinou o bloqueio de 35 contas bancárias e a indisponibilidade de bens dos envolvidos.
Segundo os investigadores, a influenciadora — que tem três filhos com MC Poze do Rodo — ou a ser um dos focos centrais do inquérito. Ainda conforme a apuração, ela teria um papel simbólico e estratégico na organização criminosa, funcionando como uma ponte entre o tráfico e o mundo digital, ajudando a dar aparência de legalidade ao dinheiro vindo do crime e fortalecendo a narcocultura nas redes sociais.
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A defesa de Viviane Noronha nega qualquer envolvimento com o crime. “Não há nenhum envolvimento de Viviane com quaisquer atividades criminosas. Tomaremos conhecimento dos autos e, ao fim da investigação, é certo que qualquer ilação contra a mesma será devidamente arquivada”, disse o advogado Fernando Henrique Cardoso.
A operação ocorre um dia depois da própria Viviane Noronha ter organizado uma mobilização contra a prisão de MC Poze do Rodo, com um ato marcado para acontecer nesta terça em frente ao presídio Bangu 3, onde o cantor está detido e deve ser solto ainda hoje.
A investigação também revelou outros nomes envolvidos no esquema, entre eles Philip Gregório da Silva, conhecido como “Professor”, apontado como um dos principais líderes do Comando Vermelho e responsável pela compra de armas da facção. Ele foi encontrado morto no domingo (1º), e, segundo a polícia, teria cometido suicídio após o término de um relacionamento extraconjugal.
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O “Professor” também seria responsável pelo “Baile da Escolinha”, que, segundo os investigadores, funciona como uma ferramenta para dominação cultural, além de ser usado para captação de recursos para o tráfico de drogas e armas.
As investigações ainda identificaram que um restaurante localizado em frente ao local onde acontece o “Baile da Escolinha” era usado para lavagem de dinheiro. Além disso, uma produtora de bailes funk também é alvo da investigação por suposta participação na venda de drogas e na disseminação da narcocultura.
“As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas interpostas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico”, conclui a nota da Polícia Civil.