Artista goiano conta como foi a criação da arte do maior sino do mundo: “meticuloso”
Artista goiano fez a arte do Vox Patris e conta como foi criá-la

O Vox Patris, maior sino do mundo que badala, está prestes a chegar a Goiás. Com 4 metros de altura e 55 toneladas, a peça será recepcionada no dia 1º de junho, com Missa às 17h30 na praça do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. O sino será instalado no Novo Santuário do Divino Pai Eterno, atualmente em construção em Trindade. A estrutura do objeto é ornamentada com gravuras que narram a origem da Romaria do Divino Pai Eterno e foram criadas pelo artista goiano Silvio Morais.
Silvio nasceu em 1973, em Anápolis (GO), e iniciou sua trajetória artística aos 13 anos na Escola Municipal de Artes da cidade. Com formação em Artes Visuais pela UFG, especialização em Espaços Litúrgicos e Arte Sacra pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e curso de Arquitetura e Urbanismo, ele construiu uma sólida carreira voltada especialmente à arte sacra.
Morais já desenvolveu diversas obras religiosas, entre elas a revitalização da igreja do Padre Pelágio, painéis para a Vila São Cottolengo e a pira da festa de Trindade no pós-pandemia. Sobre o convite para criar as ilustrações do Vox Patris, ele relembra: “Essa encomenda foi feita pelo padre Robson, na época, há dez anos atrás”.
O processo de criação da arte no sino foi meticuloso. Silvio estudou a história da Romaria e optou por representar a narrativa completa da devoção ao Divino Pai Eterno em oito cenas ilustradas, divididas ao redor do sino. “Eu dividi o sino em dez partes, sendo duas partes cegas e mais oito partes onde eu colocaria ilustrações. Então essas oito partes eu coloquei e eu sintetizei a história de devoção do Pai Eterno de Trindade”.
As ilustrações contam desde o encontro do medalhão com a imagem da Santíssima Trindade, feito por um casal de camponeses, até a construção da nova Basílica. Silvio optou por criar uma arte genuinamente goiana: “Eu descartei tudo, e olhei pra mim, pra minha história, pra a história do nosso estado”.
Além das cenas religiosas, ele inseriu elementos da fauna e flora do Cerrado goiano, incluindo aves, vegetação nativa e até plantas queimadas como forma de protesto contra a destruição ambiental: “Então dessa forma, eu quis regionalizar o sino, deixar uma marca nossa no sino… também um protesto contra a queima e a destruição do Cerrado”.
Silvio pintou as ilustrações em telas de 1,70 metro, com tinta acrílica sobre compensado naval. As obras originais foram fotografadas em alta resolução e enviadas à Polônia, onde o sino foi fundido. Atualmente as telas permanecem expostas no museu da Basílica de Trindade.
Entre outros projetos importantes de sua trajetória, destacam-se o Monumento do Centenário de Anápolis, o obelisco do Viaduto Nelson Mandela, e o monumento aos Romeiros, em homenagem às 56 vítimas que morreram indo para Aparecida do Norte.
Ao refletir sobre o impacto desse trabalho em sua carreira, o artista comenta. “O resultado como este do sino foi muito grandioso e muito simbólico na minha vida. Esse veio para contemplar mesmo. Foi para me coroar tudo que eu fiz, com muito carinho na minha carreira, os monumentos, as obras de igrejas, meus projetos”.